
Como pobre não entrega os pontos, sempre dar um jeito
Vive esquecido na favela,fibra nunca lhe falta
Acostumado em toda inundação perder algo com dó no peito
Pior é ser morador de rua,já que ninguém lhe encara e o abandono assalta
A dor maior é trabalhar , não ser vagabundo
E pelo poder público ser ignorado
Em cada desabamento ter que a vida recomeçar mesmo com medo profundo
Perder toda estrutura física construída ao longo da vida inteira do que foi amealhado
Perder entes queridos é muita dor que não cabe em si
E não dar pra aceitar com naturalidade
Corpos mortos soterrados e desaparecidos daí
Perder a família na tragédia quando o morro veio abaixo é perder a sanidade
O que dói mais quando se perde tudo é ouvir das autoridades
Depois que a tragédia acontece
Que por ser morador do Morro do Bumba é teimoso e sem responsabilidades
Insistir em morar na encosta perigosa como se alguma proteção lhe desse
O Morro do Bumba virou cemitério por falta de prioridade
(Fátima Guimarães)